segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A concorrência das NGNs no mercado VoIP

Por Ceila Santos - IP News
19 de setembro de 2008
Integradores e prestadores de serviços VoIP vão enfrentar a modernização das redes das concessionárias como parceiros ou concorrentes. Você está preparado para essa mudança no futuro?
Uma das apostas dos fabricantes de rede como Alcatel, Nortel, Cisco, Trópico, entre outras, é de que agora haverá oportunidade para os grandes grupos de telecomunicações investirem além dos projetos pontuais em redes NGN. Enfim, o setor começa a acreditar na modernização da rede, que hoje entrega os serviços de voz para mais de 40 milhões de clientes da telefonia fixa. Nenhum fornecedor, entretanto, acredita que tal oportunidade represente um volume de contratos comerciais tão volumosos como as vendas realizadas às concessionárias, que precisaram investir alto em soluções de bilhetagem, portabilidade numérica e banda larga. A aposta é de uma modernização gradativa que reverta num ambiente moderno nos próximos cinco ou dez anos. Ou seja, grupos como Telmex, Telefônica/TVA e Brasil Telecom/Telemar vão investir nas tão faladas NGNs e oferecer serviços de voz cada vez mais inteligentes, inclusive com a oferta do IPTV (leia-se TV paga ou vídeo sob demanda). A pergunta que se coloca diante disso é: qual será o impacto disso no segmento de prestação de serviço de telefonia IP, onde integradores ou prestadores de serviços VoIP já sentem a concorrência das teles na hora de abordar o cliente corporativo? A visão mais pessimista prega uma seleção natural para quem vende serviços VoIP com apelo do custo das ligações. Mas há quem acredite que o segmento de prestadores de serviços especializados em VoIP atuará como grandes parceiros na área comercial, consultoria e integração dos grandes grupos de telecomunicações. Afinal, mega empresas como os três grupos do setor de telecomunicações podem até chegar com sua fibra ótica na casa do cliente, mas não terão capacidade para gerenciar o batalhão de recursos humanos necessários para atender todo mercado corporativo. Parceria na casa do cliente
Alexandre Otto, diretor de operações da IP Connection, prefere vislumbrar o meio do caminho. Haverá sim uma concorrência cruel como já começa acontecer em algumas regiões, onde as operadoras oferecem o hardware, a instalação e ainda a conectividade do serviço. "A operadora é um concorrente agressivo porque subsidia o equipamento e oferece tudo num só pacote de telefonia", ressalta. Porém, o cenário aponta também um movimento forte de parcerias. "É bom lembrar que telefonia IP é uma tecnologia complexa, que demanda suporte e manutenção, processos que nem sempre a operadora consegue oferecer da maneira mais conveniente ao cliente", observa o executivo da IP Connections. Otto ainda conclui que a grande oportunidade deve acontecer na hora do atendimento tanto para quem concorre com grandes grupos como para empresas que conseguiram selar um acordo com as chamadas concessionárias. A IP Connection, por exemplo, já é responsável pela consultoria e instalação de muitos projetos de telefonia IP vendidos pelas operadoras. "Não basta vender a solução. É preciso entender a tecnologia para transmiti-la aos clientes e isso não é simples", afirma Otto. Soa estranho imaginar que os grandes grupos não têm know how para divulgar o uso da telefonia IP, mas o desafio é outro: atender o cliente da forma personalizada que a própria tecnologia permite com sua gama de serviços e funcionalidades. Pior que o atendimento é a cultura do setor de telecomunicações. Otto não pode revelar o nome da operadora com a qual a IP Connection selou a parceria de execução dos projetos. Motivo? Temos uma cláusula no contrato que impede a divulgação da operadora. Esse tipo de acordo retrata o desafio que os grandes grupos precisarão enfrentar caso eles decidam ter uma política de parcerias, onde a cultura de canais preza pela valorização do parceiro e, consequentemente, compartilhe com ele o poder de força do marketing e da comunicação corporativa. Competição contribui para o crescimento
A GVT é a única operadora no mercado nacional que opera numa rede baseada no conceito NGN e, segundo Cícero Olivieri, vice-presidente de engenharia e operações da companhia, aguarda a modernização das redes das concessionárias de forma bastante otimista. "Quanto mais aprimorar a competição, melhor o cliente será atendido. A modernização das redes das concessionárias só traz melhorias, inclusive para concorrência", opina Olivieri. Ele conta que a GVT já tem um programa de canais com foco comercial e de suporte técnico. "O atendimento do dia-a-dia jamais será substituído pela capacidade das redes oferecerem serviços remotos. É um atendimento muito específico e requer recursos humanos", observa. Olivieri ainda acrescenta que seria ineficiente caso as operadoras resolvessem atender diretamente todos os clientes corporativos. Apesar de desejar a competição, o executivo da GVT diz que o caminho da modernização da rede será árduo e bastante longo porque a capilaridade desses grandes grupos é muito extensa e a demanda de tráfego é crescente. Além disso, é bom lembrar que como a demanda de telefonia fixa vem diminuindo, a tendência é de que esses ambientes sejam a principal base da oferta de IPTV, o que exige uma disponibilidade de banda muito alta para entrega de vídeo. Ou seja, essa modernização não acontecerá do dia para noite, mas não há dúvida de que ela realmente pode começar agora.

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