Convergência fixo-móvel: um longo caminho
Infra-Estrutura
Por Carolina Chemin
17 de setembro de 2008
Segudo Elia San Miguel, analista do Gartner, até 2015 menos do que 20% das empresas da América Latina serão capazes de apresentar um case completo da tecnologia.
A convergência fixo-móvel, tão aclamada por fabricantes e integradores, ainda tem um longo caminho a percorrer. Essa foi a mensagem passada por Elia San Miguel, analista do Gartner, durante a XIII Conferência Anual Futuro da Tecnologia, que começou nesta terça-feira (16/09) em São Paulo.
Segundo a especialista, um dos principais motivos para isso é o ainda alto custo da tecnologia. “O discurso de que a convergência fixo-móvel reduz custos é um mito. Na verdade o que temos visto é um pequeno aumento, em função da necessidade de se montar uma rede Wi-Fi”, explicou. Além disso, há a própria limitação da tecnologia que, apesar da evolução constante, ainda precisa melhorar. “Os devices, por exemplo, até pouco tempo atrás não suportavam duas tecnologias. Agora temos cada vez mais equipamentos dual mode. Sofisticações como essa estão trazendo a possibilidade de unificar as comunicações”, considera.
Em função disso, a empresa de pesquisas acredita que, na América Latina, teremos a convergência totalmente em produção apenas por volta de 2015. E, mesmo assim, até lá serão menos de 20% das empresas capazes de apresentarem cases completos de integração fixo-móvel. “É uma coisa ainda em evolução, mesmo com toda essa tendência de lançamentos de devices cada vez mais preparados para mais de um suporte”, afirmou a analista.
Ofertas
Na visão de Elia San Miguel, a grande aposta para a disseminação da convergência fixo-móvel corporativa vem das operadoras. Isso porque elas já têm know how tanto tecnológico quanto de negócios, vindo de experiências com o consumidor final, e também possuem mais capacidade de colocarem em pé a infra-estrutura necessária. “Levou muito tempo, mas já começamos a ver casos completos para o consumidor final. Há uma presença cada vez maior de operadoras em múltiplas plataformas, ampliando o portfólio de serviços”, comentou. Como exemplo a especialista citou a Brasil Telecom, considerada por ela um dos únicos casos na América Latina de handover transparente do ambiente celular para o Wi-Fi. “Eles já disseram que vão ter o serviço corporativo, mas por enquanto ainda estão focando no consumidor final. Acho essa uma aposta interessante, pois as empresas deixam de ter que fazer grandes investimentos para terem a tecnologia. Esse mercado vai realmente evoluir quando as operadoras puderem oferecer soluções gerenciadas, ou seja, communication as a service”, disse Elia.
No entanto, há ainda muitos obstáculos a serem transpostos, entre eles o suporte fraco a Wi-Fi, a necessidade de serem feitos acordos de Wi-Fi internacionais, uma cobertura nacional, mais modelos e marcas de devices, soluções corporativas e a consolidação do processo.
Em relação ao crescimento da cobertura 3G no Brasil, a analista disse que o serviço ainda é falho, mas que está em natural evolução. “A tecnologia está sendo muito usada, particularmente na América Latina, onde 80% do uso é para banda large, e não voz. No entanto, seus custos ainda não fazem um business case completo”, comentou.
Aderindo à solução
De acordo com Elia San Miguel, cada vez mais as pessoas atendem seus telefones móveis, não seus fixos. E cada vez mais elas desejam ver todos os seus recursos em uma única plataforma. Somando-se a isso o fato de que em geral 20% dos trabalhadores de uma empresa são móveis, é natural o interesse por soluções de convergência.
Assim, a especialista fez algumas recomendações na hora de se avaliar qual a melhor solução para cada caso. Para começar, ela recomenda uma avaliação sobre o grau de mobilidade de uma empresa. “O principal driver para escolher o caminho da convergência vem dos braços da mobilidade”, considerou. Depois disso, é preciso determinar que tipo de necessidade os funcionários têm em relação a mobilidade: voz, dados ou ambos. Finalmente, é preciso ver que tipo de cobertura, tanto em abrangência quanto em qualidade, é necessária. “Também recomendo que as empresas não tenham com seus fornecedores de tecnologia uma relação em que eles ditam o ritmo a ser tomado. É preciso que eles sejam parceiros”, finalizou.